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A morte precoce de Córdova I foi um choque para o país. Ele era o “Almirante da Vitória”, o “Grande Pai da Pátria” e a garantia da estabilidade política do Reino Unido. O país entrou em luto e o Reino da Terceira passou a ser chamado de Reino de Córdova, em homenagem ao monarca falecido. Todas as esperanças do povo concentraram-se então no infante Leôncio de Córdova Zarco, filho primogênito do falecido monarca, que estudava na França.

A coroação de Leôncio, que adotou o nome de Córdova II, foi realizada em 13 de abril de 1998, seguindo-se dos juramentos de fidelidade por parte da nobreza açoriana. Essa aliança entre o Rei e a nobreza, porém, teve vida curta.

Apesar de respaldado pela força do nome Zarco, Córdova II desenvolveu uma política de confronto com a Frente de Libertação dos Açores (FLA), na busca de assim modernizar o país e vencer o atraso econômico. O plano de desenvolvimento adotado pelo monarca previa a separação entre a Igreja e o Estado, o fim da hereditariedade dos títulos de nobreza e a superação do modelo agro-exportador na economia. A nobreza reagiu, e em várias regiões do país os emissários do monarca foram atacados, ainda que nenhuma morte tenha sido registrada.

A vida pessoal de Córdova II, um jovem de pouco mais de 16 anos, também foi motivo de grande controvérsia. O monarca não era discreto em suas relações amorosas, colecionando amantes e fazendo a delícia dos mexeriqueiros da corte. Era também um freqüentador habitué das tavernas portuárias, o que escandalizou os mais religiosos.

A insatisfação da nobreza explodiu em março, quando uma incipiente reforma agrária foi aplicada na região de Marinha, onde estavam concentrados os maiores latifúndios do Reino Unido. O Duque Francisco de Veras Leite, principal liderança da região e membro da Frente de Libertação dos Açores, enfrentou de arma em punho a Guarda Real, que tentava entrar em suas terras para garantir as ordens do monarca. O Duque acabou morto, o que gerou comoção em todo o país. Seu filho, Alisson Leite, reagiu declarando-se herdeiro do título do pai e sustentando uma oposição armada ao monarca açoriano.

Córdova II foi colhido de surpresa por esses eventos, e viu-se rapidamente abandonado por grande parte dos cortesãos e políticos que o rodeavam. Apenas Aurélio de Albuquerque, governador de Santa Maria pelo Partido Nacionalista Popular (PNP), permaneceu fiel. Quando, em maio, diante da iminente invasão da capital pelos rebelados, o governador-geral do país, José Tavares, comunicou ao monarca que o exército não tinha condições de protegê-lo, Córdova II não teve outra saída que não renunciar. Partiu escoltado, no dia 16 maio, tomando o rumo da Guiné-Bissau, onde morreria de maneira misteriosa.

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